O Uso de Plantas na Filtração de Águas Residuais: Um Passo Sustentável

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Jacinto de Água (Eichhornia crassipes)
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Alface de Água (Pistia stratiotes)

Neste projeto de biofiltragem de águas residuais, estamos a explorar uma abordagem ambientalmente sustentável para o tratamento de efluentes. O objetivo deste projeto é utilizar plantas aquáticas, conhecidas como hidrófitas, para filtrar e purificar as águas residuais de forma eficaz.

Na fase de seleção e experimentação de variedades de plantas, que começou em 01/04/2022, após a caracterização do afluente e a operação inicial da fábrica-piloto, o foco está na quantificação da filtragem de sólidos suspensos e na produção de biomassa por cada espécie testada. Isso ajuda a determinar qual variedade de hidrófita tem o melhor desempenho na absorção de nutrientes.

As espécies de hidrófitas selecionadas para este projeto são:
  1. Jacinto de Água (Eichhornia crassipes): Esta planta é nativa nos Açores, com maior presença em ilhas como São Miguel, Terceira, Graciosa, Faial e Flores. O Jacinto de Água é uma hidrófita flutuante que possui um sistema de raízes longas e finas que pendem livremente abaixo da superfície da água, criando um ambiente favorável para microrganismos benéficos que contribuem para a purificação da água. Esta planta prospera em corpos de água eutrofizados, que contêm níveis elevados de azoto e fósforo. É amplamente reconhecida pela sua capacidade excepcional de absorver nutrientes, incluindo azoto, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, ferro, amónio, nitrito, sulfato, cloro, fosfato e carbonato.
  2. Alface de Água (Pistia stratiotes): Esta planta também é nativa dos Açores, com ocorrência registada na ilha do Faial. A Alface de Água é uma hidrófita flutuante que exibe um excelente potencial de crescimento e é capaz de acumular lamas nas suas raízes, tornando-a eficiente na acumulação de nutrientes, incluindo nitrogénio (N) e fósforo (P).
  3. Orelha de Rato (Salvínia auriculata): A Salvínia auriculata é uma hidrófita flutuante de rápido desenvolvimento, resistente e pouco exigente. Embora não possua raízes verdadeiras, uma das suas três folhas submersas funciona como uma raiz, absorvendo água e iões. Esta planta é amplamente utilizada para fins de filtragem.

Estas três espécies de hidrófitas foram escolhidas para testes iniciais de capacidade de biofiltração de efluentes com tratamento secundário. Os resultados desses testes ajudarão a avaliar o desempenho dessas plantas na remoção de nutrientes da água residual.

A utilização dessas plantas na biofiltração de águas residuais é uma abordagem de baixo risco e pioneira nos Açores. Os resultados desses testes ajudarão a melhorar o desempenho das ETAR e têm potencial para reduzir a necessidade de processos bioquímicos por microrganismos, resultando em economias de energia significativas.

À medida que o projeto avança, outras espécies de hidrófitas serão testadas, com base em critérios rigorosos de seleção, para expandir ainda mais o potencial dessa abordagem inovadora no tratamento de águas residuais.

A importância para a região

Este projeto representa um passo importante em direção à sustentabilidade ambiental, mostrando como as plantas aquáticas podem desempenhar um papel crucial na purificação das águas residuais e na preservação do meio ambiente nos Açores.